Quando é a hora certa de iniciar a educação financeira infantil das crianças?

Como ensinar seus filhos a lidarem com o dinheiro de uma forma saudável e livre?

Pegando uma frase de uma grande referência na área de educação financeira pessoal e familiar aqui no Brasil, o Gustavo Cerbasi, ele diz que: “muitos pais ainda ignoram esse processo de educação financeira com suas crianças. Para eles, dinheiro seria “coisa de adulto” e assunto proibido para os pequenos.”

Será mesmo “coisa de adulto”?

Reconheço que essa questão de ensinar seus filhos a lidarem com o dinheiro, o que chamo de alfabetização financeira, é algo controverso.

A maioria dos pais sabe que é importante, mas não existe unanimidade em como isso deve ser feito ou se realmente deve ser feito.

A educação financeira infantil é a base para criarmos filhos mais conscientes, mais seguros e que, na vida adulta, saberão como controlar o dinheiro e extrair o melhor que ele pode dar.

Portanto, se você quer que seus filhos tenham uma vida financeira tranquila, saudável e independente, leia o que vou compartilhar contigo nesse post.

Mesmo não havendo unanimidade no que vou te expor, saiba que embasei cada tópico no processo de desenvolvimento infantil, justamente para levar para você dicas que realmente podem gerar resultados positivos e são adaptadas a cada fase de desenvolvimento das crianças.

Se não quiser ler o post, pode ver todo o conteúdo desse post no eBook de educação financeira infantil que você encontra clicando aqui.


Qual a importância da educação financeira infantil?

Bom, se você refletir um pouco sobre sua vida vai poder me dizer qual a importância que o dinheiro tem pro seu dia-a-dia, não é?!

Agora me responda essa pergunta…

Você acredita que sua vida financeira teria sido mais fácil ou mais difícil se teus pais tivessem te ensinado a lidar com o dinheiro desde pequena(o)?

Se tivessem te ensinado a usar ele com sabedoria.

Se tivessem te ensinado a poupar.

Se tivessem te ensinado a investir.

Quanta dificuldade poderia ter sido evitada, não é?!

Ou você teria aproveitado um pouco mais o dinheiro quando era mais jovem e não teria se sacrificado tanto pra poupar.

Falo por mim mesmo…

Quando eu era criança, uma das mensagens que eu mais ouvia era a minha mãe falando que eu tinha que economizar, que eu tinha que poupar dinheiro.

E ouvia, também, ela criticando meu pai quando ele comprava alguma coisa fora do planejado, mesmo que tivesse dinheiro pra isso.

Isso fez com que eu ficasse extremamente mão-de-vaca quando comecei a trabalhar e ganhar meu próprio dinheiro.

Só queria saber de poupar e fazia o possível pra não ter que gastar.

Resultado? Poderia ter aproveitado mais minha vida quando era mais jovem e, ainda assim, ter guardado dinheiro.

Acredito que depois dessas reflexões aquela pergunta lá de cima, “Qual a importância da educação financeira infantil?”, fica respondida, estou certo?

Em resumo, você deve se preocupar com a educação financeira infantil dos seus filhos desde cedo porque está nas suas mãos a possibilidade de tornar mais positiva e equilibrada a relação deles com o dinheiro.

E qual a melhor forma de ensinar eles sobre dinheiro?

É isso o que vou responder aqui abaixo…


A MELHOR forma de educação financeira infantil

Segundo diversos estudiosos e pesquisadores da educação infantil, a forma mais poderosa de ensinar seus filhos é pelo EXEMPLO.

Seja pelos pais ou por quem tem a maior interferência na vida da criança, o exemplo que é passado exerce um papel decisivo no futuro dela.

Não adianta você fazer um discurso maravilhoso pros seus filhos e, na prática, fazer exatamente o contrário.

Crianças têm uma enorme capacidade de identificar incoerências.

Garanto que você viu ou já passou por uma situação semelhante à essa: você escuta seu filho, por exemplo, gritando com alguém e fala imediatamente: “filho, não grite com os outros”.

Dias depois ele te pega gritando com alguém e fala: “mamãe (papai), lembra que não se pode gritar com os outros?”

Pois é, ela pegou sua incoerência e está a jogando na sua cara.

Portanto, com crianças não vale aquele famoso ditado “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.

Com elas tem que ser “faça o que eu digo e o que eu faço”.

Então, se você realmente quer que seus filhos saibam lidar bem com o dinheiro, que o processo de educação financeira infantil seja efetivo em suas vidas, permitindo que esse recurso seja sempre abundante e suficiente, é fundamental que você dê o exemplo.

Aqui abaixo vou te dar algumas dicas que podem te ajudar nesse caminho.


Como se tornar um bom exemplo para os filhos

1) Se faça perguntas

Primeiro, se faça a seguinte pergunta: “O que eu quero ensinar para meus filhos?”

Anote todas as respostas que vierem na sua cabeça.

Depois pergunte-se: “Por que eu quero ensinar essas coisas à eles?”

Anote as respostas.

Então, se questione: “Eu já adquiri e aplico na minha vida esse conhecimento ou habilidade que quero desenvolver em meus filhos?”

Se a resposta for sim, perfeito, comece a transmitir o ensinamento desejado e demonstre como isso mudou sua vida.

Se a resposta for não, então você tem que voltar a atenção para você e descobrir “como eu posso aprender e aplicar na minha própria vida esse conhecimento que quero passar para eles?”

Assim que você responder esse último questionamento, realmente partir para a ação e absorvê-lo em sua rotina, ficará muito mais simples e coerente de repassar o que quiser aos seus filhos.

E mais, além de conseguir realmente ensinar os pequenos, você poderá colher os resultados desses novos hábitos e ensinamentos que foram absorvidos na sua própria vida.

Vamos ao exemplo: supondo que você queira ensinar seus filhos a pouparem dinheiro, mas ainda não consegue guardar qualquer quantia para você ou para a família.

Primeiro você terá que incluir esse hábito de POUPAR na sua própria vida.

Vai começar aos poucos, com pequenas quantias, planejando no que o dinheiro será futuramente utilizado e percebendo a disciplina e o comprometimento exigido até conquistar seu objetivo.

Quando for passar isso aos seus filhos você terá a vivência e poderá orientá-los com muita segurança em cada fase que eles forem passar.

Isso faz sentido para você?


2) Trabalhe você mesma(o)

Considero que “fazer perguntas” para si mesma(o) é um dos melhores caminhos para você se tornar um bom exemplo.

No entanto, quero te oferecer outras possibilidades por meio de algumas atividades que irão mexer com você em três frentes: seus PENSAMENTOS, seus SENTIMENTOS e seus COMPORTAMENTOS em relação ao dinheiro.

Conseguindo alinhar esses 3 pontos você com certeza terá muita facilidade em fazer a educação financeira infantil adequada pros seus filhos.

Para esclarecer o porquê de trabalhar esses 3 tópicos, pensamentos, sentimentos e comportamentos, algumas linhas terapêuticas e psicológicas acreditam que todos os resultados que você tem em sua vida seguem o fluxo apresentado aqui abaixo.

Esse é o caso da Programação Neurolinguística (PNL), que enxerga que é nos nossos pensamentos que encontramos a origem para nossos resultados visíveis.

Fazendo uma analogia mais simples de ser entendida, é “como se” a qualidade dos frutos de uma árvore fosse determinada pela capacidade e qualidade de suas raízes.

Raízes fracas e pouco desenvolvidas gerariam frutos doentes e pouco saborosos.

Raízes fortes e bem desenvolvidas gerariam frutos saudáveis e bem saborosos.

Faz muito sentido, não é?!

Pois bem, agora vamos colocar o foco nas crianças de novo…


Como fazer seus filhos lidarem bem com o dinheiro

Para um ensinamento dar certo, é preciso que ele seja mostrado na prática. Isso vale para a alfabetização financeira.

Agora que você já passou por esse realinhamento interno vamos aos exercícios práticos para a alfabetização financeira dos seus herdeiros.

Pra deixar o material mais didático e respeitando as fases de desenvolvimento infantil, separei os exercícios em duas partes: 1) crianças de 0 a 6 anos e 2) crianças de 6 a 12 anos.

Assim, você pode ir direto pra fase na qual seus filhos se encaixam.

Claro que se você nunca proporcionou uma educação financeira pra eles, sugiro dar uma olhada em todas as partes pra realmente começar do básico e ir avançando.

Como uma criança que aprender a escrever. Ela não consegue escrever palavras inteiras logo de cara. Ela precisa aprender a desenhar as letras pra depois começar a juntá-las e a formar palavras.

É por isso que chamo de processo de alfabetização financeira.


Atividades de educação financeira infantil pra crianças de 0 a 6 anos

Nessa fase do desenvolvimento infantil as crianças estão concentradas nas sensações e nos movimentos.

Estão interessadas em pegar coisas, apalpar, aprender pelo contato.

Começam a ter noção de causa-efeito, ou seja, “se eu fizer isso vai acontecer aquilo”, e possuem uma curiosidade difícil de ser saciada (por quê?).

Gostam muito de repetições e já começam a copiar o comportamento de pessoas do seu entorno.

É aqui nessa fase, também, que se forma a maior parte da personalidade dos seus filhos. Portanto, é o momento ideal pra iniciar a alfabetização financeira deles.

Depois dos 6 anos ainda é possível, porém, torna-se mais trabalhoso.

Por tudo isso, nessa primeira infância a abordagem financeira deve ser muito básica e repetitiva, com muito cuidado pro que se é falado por causa, exatamente, da formação da personalidade.

Para isso, indico os seguintes exercícios:

1. Fale sobre o dinheiro de forma positiva

Como eu comentei lá no começo do post, essa dinâmica pode ser utilizada até mesmo quando o bebê ainda está dentro da barriga da mãe.

Estudos indicam que as crianças começam a aprender ainda enquanto estão no processo de gestação.

Por isso, ganhe tempo e comece a falar sobre dinheiro, e a introduzir a educação financeira infantil, o quanto antes.

Dessa forma, seus filhos ficarão cada dia mais familiarizados com o assunto e vão saber conversar sobre ele sem medo ou vergonha.

Não pense que fazendo isso você irá tornar seu filho ganancioso e que ele só vai pensar em dinheiro.

Você está apenas introduzindo um tema importante e necessário pra vida da maioria das pessoas, assim como tantos outros.

Não importa se seu filho ainda não fala ou você pensa que ele não entende, converse sobre o dinheiro (e sobre tudo o que quiser) mesmo assim.

A mensagem vai ficar gravada e a mente dele vai ficar muito mais preparada pra absorver mais informações à medida que ele cresce.

É como se estivéssemos adubando a terra (a mente das crianças) pra plantar algumas sementes ali ao longo dos anos.


2. Crie um cofrinho para seus filhos

Essa atividade de educação financeira infantil começa a se tornar efetiva a partir de 1 ano.

Eles gostam de rotinas e adoram brincar com pequenos objetos.

Compre, ou faça, um cofrinho e ensine eles a guardar moedinhas.

Sempre que eles guardarem uma sozinho comemore muito e os parabenize por isso.

Essa sua atitude gera um reforço positivo e faz com que a criança queira fazer isso de novo.

Com o tempo, ela vai absorver esse hábito de guardar dinheiro e também vai dar uma motivação a mais pra ela guardar a moeda ao invés de colocar na boca.

Você se beneficia de duas formas diferentes.

Mas lembre-se de permitir e incentivar que seus filhos usem parte do dinheiro com eles de vez em quando, seja para comprar um doce ou algum brinquedo que eles queiram.

Isso faz com que no futuro eles não queiram só guardar (como eu fiz), mas também saibam que dinheiro é para ser usado para melhorar a vida deles.

Aqui em casa, o que o Léo mais gosta de fazer com as moedinhas guardadas é comprar pão de queijo ?

Observação: essa atividade ainda não tem relação com mesada. Se quiser saber mais sobre mesada é só clicar aqui.

Veja aqui abaixo o vídeo do Léo (meu filho mais velho) poupando no cofrinho pela primeira vez.


3. Ajude na definição do significado do dinheiro

Quando seus filhos chegarem aos 3 anos você já pode começar a mostrar a diferença entre uma nota e uma moeda.

Pode pedir pra eles descreverem o dinheiro da forma que eles o compreendem.

E você, mãe ou pai, pode começar a definir pra eles o que é o dinheiro e pra que serve.

Nessa fase, a partir dos 3 anos, as crianças já conseguem compreender melhor aspectos mais invisíveis e a formar imagens mentais do que aprendem.

Repita isso de vez em quando e esteja atenta(o) pra verificar como a percepção deles pode mudar ao longo do tempo.

E você, já definiu o significado do dinheiro pra você?


4. Teste a paciência deles

Quando a criança chega aos 4 ou 5 anos, é importante você intensificar o ensinamento da paciência.

Elas ainda são muito egoístas e imediatistas, mas pro bem delas é necessário desenvolver a habilidade de saber esperar.

Defina os limites e seja firme.

Por exemplo, para não dar brinquedos sempre que seus filhos pedem, defina datas específicas na qual eles vão ganhar presentes.

Aniversário, Natal, etc.

Doces? Só depois de fazerem algum comportamento positivo que você quer que eles aprendam.

E mais, esse momento de ensinar seus filhos a esperarem também torna-se uma oportunidade pra ensinar eles a se planejar.

Quer um brinquedo? Então fale pra eles “filho, nesse momento eu não vou comprar, mas que tal fazer um plano de guardar 3 moedinhas por dia para comprarmos ele daqui 30 dias?”

Qual você imagina que vai ser a resposta deles? Confio que será “sim”.

Escolha um pote que tiver em casa, escreva o nome do brinquedo num pedaço de fita crepe e cole no vidro pelo lado de fora.

Dê as 3 moedinhas pra eles todos os dias e garanta que consigam o valor no final do mês, sem você ter que inteirar nada.

Perceba que fantástico, eles vão comprar algo pelo próprio esforço e vão saber que são capazes de poupar.

Os reflexos disso na vida adulta serão FANTÁSTICOS, tanto pela parte de ter paciência como de saber planejar.

Quer um exemplo?

Quando quiserem abrir uma empresa ou conquistarem uma promoção no trabalho eles vão saber que primeiramente precisam se esforçar e ter paciência.

Se fizerem isso, é praticamente certo que o resultado virá em algum momento.

E tudo porque você preocupou, e leu esse post, com a educação financeira infantil deles enquanto ainda eram crianças.


5. Ensine seus filhos a usarem o dinheiro

A partir do momento que seus filhos adquiriram o hábito de poupar no cofrinho e já tiverem vontade de comprar algumas coisas, pode começar a permitir que usem o dinheiro com coisas que eles queiram.

Quando forem às compras, faça com que eles contem o dinheiro antes de pagarem pelo que querem.

Ajude a contar as moedas e as notas pra que percebam a quantidade necessária pra comprar, muitas vezes, uma coisa que vale R$ 5,00.

Aproveite e reforce alguns comportamentos, dizendo: “Uau filho, olha quanto dinheiro você conseguiu guardar. Parabéns!” ou “Filho, parabéns por ter conseguido poupar seu dinheiro pra comprar o que você quer.”

Isso vai fazer eles começarem a valorizar cada centavo e entenderem a importância do dinheiro.

E mais, vai ajudar eles com matemática, por mais básica que ainda possa parecer.


6. Deixe que tomem decisões baseadas na própria percepção de valor

Permita que seus filhos, nessa fase de 0 a 6 anos, tomem decisões com base na percepção de valor que eles têm das coisas.

Por exemplo, se num determinado dia seu filho quiser trocar com um amigo um brinquedo que “custou” R$ 200,00 por um de R$ 10,00 que ele considera mais interessante, deixe que troque.

O que está em jogo pra ele não é o dinheiro, mas sim o valor que ele percebe.

Ele não vai conseguir entender se você falar “filho, mas você está trocando um brinquedo que eu paguei R$ 200,00 por um que custa apenas R$ 10,00. Não faça isso.”

Pra ele o de R$ 10,00, que ele quer, vale muito mais naquele momento, entende?

E nem pense em ir lá comprar o brinquedo de R$ 10,00 igual ao que ele quer pra que ele continue tendo o de R$ 200,00.

Deixe que ele troque e que ele sinta como é ficar sem o de R$ 200,00 e ter o de R$ 10,00.

Na vida, inevitavelmente, não conseguimos ter absolutamente tudo o que queremos.

Quase sempre precisamos abrir mão de alguma coisa pra ter outra.

E seguindo o que comentei acima seus filhos já estarão aprendendo isso desde pequeno.


Atividades de educação financeira infantil pra crianças de 7 a 12 anos

Antes de te expor os exercícios eu só quero dar uma pincelada rápida sobre algumas características de crianças dessa faixa de idade, pois isso vai te ajudar a entender as dinâmicas que vou propor.

E a primeira delas é que crianças entre 7 e 12 já sabem seguir regras e instruções…

Isso porque elas já possuem uma boa capacidade de memorização, o que facilita a introdução de estratégias como a mesada (vou falar sobre ela mais pra frente).

Além disso, seus filhos nessa faixa etária já sabem copiar o comportamento de adultos com bastante competência e, inclusive, começam a fazer críticas à comportamentos diferentes dos deles.

Esse fato só reforça a necessidade de você continuar sendo um excelente exemplo pros seus filhos, principalmente em questões financeiras.

Por fim, duas outras características marcantes dessa faixa de idade é que as crianças gostam de ser desafiadas e começam a demonstrar indícios de independência.

Agora, sabendo de tudo isso, vamos aos exercícios:

1. Estimular ideias empreendedoras

Sabe aqueles filmes de “sessão da tarde” nos quais as crianças montam uma barraquinha de limonada pra conseguirem um dinheiro ou pra ver quem vende mais?

É isso!

Estimular ideias empreendedoras (mesmo que você não seja empreendedor(a)) é dar apoio aos seus filhos pra eles tirarem ideias do papel e colocarem em prática.

Pode ser montar uma barraquinha de limonada, criar uma revista, montar um clubinho, fazer skate de régua pra vender na escola, fazer pulseiras de elástico pra vender pras amigas…

Ou até fazer brigadeiros pra vender na escola (como minha sobrinha fez).

Imagem de um pote de brigadeiros que a Lari fez para vender e que faz parte do guia de educação financeira infantil, na parte de incentivar o empreendedorismo.

São as sementes empreendedoras que começam a surgir na cabeça dos seus filhos e que devem ser amplamente incentivadas.

Por mais que você saiba que não vai dar certo, deixe que a criança tenha a experiência e tire a própria conclusão.

Isso fará:

  1. com que ela se sinta capaz de seguir sua vontade;
  2. com que ela saiba que tem o apoio dos pais;
  3. com que aumente sua autoconfiança;
  4. ela sentir a experiência do “fracasso” ou do “sucesso” num ambiente seguro e bem amparado;
  5. ela aprender a ser resiliente e buscar uma outra forma de fazer sua ideia dar certo.

E quando der certo, pode ser que seus filhos façam alguns milhões de reais por ano como essas crianças.

Por isso, incentive ideias empreendedoras dos seus filhos em ambientes supervisionados e seguros.


2. Crie dinâmicas para uso consciente do dinheiro

Aqui eu vou citar uma dinâmica muito específica que o pai da minha esposa fazia com ela quando iam fazer as compras do mês no mercado.

Ele dava uma quantidade limitada de dinheiro para ela comprar o que quisesse e que fosse além dos alimentos comprados pra toda a família.

Em resumo, era pra comprar as porcarias (balas, biscoitos, chocolate, salgadinho, etc.).

Era aquilo que ela comprava que ela ia comer ao longo do mês.

Se o que ela tinha comprado tivesse acabado antes do tempo ela tinha que esperar até voltar ao mercado pra poder comer suas “porcarias” de novo.

Uma ideia muito simples que foi capaz de gerar hábitos muito prósperos.

Ela aprendeu, muito jovem, a ter um orçamento e a saber lidar com ele.

Aprendeu a controlar o dinheiro pra comprar tudo o que queria.

Aprendeu a esperar até o final do mês pra poder fazer suas compras novamente.

E provavelmente muitas outras coisas que eu ainda não consegui identificar.

Tudo isso trazido pra a idade adulta gera o que?

Dinheiro? Claro…

Mas mais do que isso, gerou uma habilidade muito boa dela saber lidar com o dinheiro com tranquilidade, algo que ela tem até hoje.

Portanto, copie essa dinâmica que meu sogro usava ou crie outras formas de atribuir a responsabilidade por uma pequena quantidade de dinheiro aos seus filhos.

Permita que eles aprendam comportamentos tão importantes em um ambiente seguro e supervisionado, mas que os forneça uma dose balanceada de liberdade.

Pra isso, te ofereço mais um exercício.


3. Dê mesada

Esse período, entre 7 e 12 anos, é mais o indicado pra você inserir essa estratégia de educação financeira infantil e começar a dar mesada pros seus filhos.

Isso porque nessa fase eles já entendem bem a relação entre causa e efeito e já sabem esperar pra receber o dinheiro uma, duas ou quatro vezes por mês.

E eu indico você dar mesada porque assim seus filhos já vão ter que administrar o dinheiro deles desde pequenos.

Agora, pra que você saiba exatamente como dar mesada pro seu filho e fortalecer ainda mais a educação financeira infantil deles, eu sugiro você ler o post Mesada Educativa Na Prática: Passo-a-Passo Completo Pra Aplicar Com Seus Filhos.

Eu deixo ele aqui em outro link pra você só pra não repetir algo que já escrevi há algum tempo, ok?

Nele você vai encontrar todos os detalhes que precisa saber pra fazer com que a mesada seja realmente uma ferramenta fantástica na educação financeira dos seus filhos.

E mais, tem um outro post que escrevi e que também pode te ajudar nessa questão de mesada, que é o Mesada: 3 Dicas Pra Evitar Que Seus Filhos Torrem Ela Em “Besteiras”.


4. Ensine seus filhos a administrarem o dinheiro

Pra mim, esse é um dos maiores ensinamentos que você pode passar pra eles.

Digo isso porque independente da idade de uma pessoa, mais importante do que a renda que ela tem é o que ela consegue fazer com o que ganha.

É algo que a maioria (mais de 97%) das pessoas não aprende e que separa pessoas financeiramente livres de pessoas escravas do dinheiro.

Por isso eu vejo esse exercício como tão importante de ser aplicado com seus filhos, pra que eles cresçam vendo isso como natural, independente de quanto dinheiro vão ter na mão pra administrar.

E a base pra eles começarem a organizar o dinheiro é a mesada ou o dinheiro que eles estiverem fazendo com seus empreendimentos (lembra do primeiro exercício?).

No começo, a sugestão que eu dou é que você oriente seus filhos pra eles criarem 2 potes diferentes pro dinheiro que estão recebendo.

É uma versão reduzida do Método SFF, que é para ser aplicado nas finanças da sua casa.

Um deles será nomeado como Desejos (DES) e o outro como Diversão (DIV).

Divisão inicial dos potes, um dos exercícios de educação financeira infantil que vão ensinar as crianças a administrarem seu dinheiro.

POTE DESEJOS (DES)

Diga pra eles que do valor recebido 60% deve ser conduzido pro Desejos (DES)

É esse pote que vai permitir que seus filhos poupem pra comprarem coisas que eles querem e que apenas o valor de uma mesada ou de 1 mês de faturamento da negócio não é suficiente.

Por exemplo, seu filho recebe R$ 100,00 de mesada por mês e quer comprar um hoverboard que custa R$ 900,00.

Terá que juntar os 60% (R$ 60,00 pelo exemplo) durante 15 meses para conseguir comprar.

Se você pensa que 15 meses é muito, pode sugerir que seu filho se divirta menos e poupe mais.

Ou pode aproveitar aniversário ou Natal pra dar um dinheiro extra pra ele.

Ou, como sugeri pra minha sobrinha há alguns dias, que ela comece a oferecer alguns serviços em casa pra ganhar um dinheirinho…

Como por exemplo lavar o carro, fazer massagem, pintar as unhas da mãe, etc.

O importante aqui é que seus filhos consigam o que querem pelo próprio esforço, sabendo que são capazes de se planejar, se esforçar e conquistar seus desejos.

POTE DIVERSÃO (DIV)

Pro pote Diversão (DIV) você deve orientar que seus filhos coloquem 40% do dinheiro que receberem, e é esse pote que eles vão usar pra se divertirem no dia-a-dia.

Ir ao cinema, comprar um doce, dormir na casa do amigo, sair comer uma pizza, etc.

São coisas que vão além do que você fornece à família.

É importante que eles realmente “torrem” o que estiver nesse pote pra sentirem que o dinheiro está sendo usado e que o esforço pra financiar seus desejos não os impedem de aproveitar suas vidas.

Como se fosse a recompensa por estarem poupando.

Agora, caso seus filhos já administrem o dinheiro desse jeito há mais de 1 ano, você pode avançar e orientar eles a criarem 2 novos potes, ficando 4 no total e mudando um pouco a divisão.

Divisão final dos potes, um dos exercícios de educação financeira infantil que vão ensinar as crianças a administrarem seu dinheiro.

No pote DES agora ficam 50% ao invés de 60% e no DIV ficam 35% ao invés de 40%.

O que sobrar (15%) serão distribuídos entre os 2 novos potes.

POTE MEU DESENVOLVIMENTO (MD)

Nesse pote seus filhos devem colocar 10% do valor que recebem, sendo que esse montante deve ser usado pro aprendizado que vai além do que a escola proporciona.

Claro que você pode pensar que essa é sua responsabilidade enquanto pai ou mãe.

Sugiro que você deixe como responsabilidade dos seus filhos pra que eles aprendam, desde cedo, a investir em si mesmos, pois isso vai ser fundamental pra eles serem pessoas de destaque quando forem adultos.

Nesse pote você deve considerar gastos com livros, eventos que seus filhos se interessem em participar e tudo o que pode desenvolvê-los como pessoa ou estimular algum interesse específico que eles têm.

POTE DOAÇÃO (DOA)

Por fim, pro pote DOA você deve orientar eles a colocarem 5% do valor que recebem (mesada ou outra fonte) pra ajudarem o próximo.

Dar pra quem eles quiserem sem esperar nada em troca, simplesmente pra ajudar.

Pode ser pra um pedinte na rua, pra um projeto social, pra uma família que está precisando, não importa.

O que importa é que seus filhos comecem a enxergar além do próprio umbigo e a se interessarem em fazer o bem.

Se conseguir unir a doação financeira com algum trabalho voluntário essa solidariedade irá se desenvolver ainda mais rápido neles.

Exemplo prático

Pra mostrar pra você que não fico apenas na teoria, há alguns dias eu sentei com a minha sobrinha (que tem entre 7 e 12 anos) pra reforçar essa questão de administrar o dinheiro.

Atualmente os pais dela não dão mesada pra ela, mas ela gera dinheiro por meio das ideias empreendedoras que ela tem e pela ajuda que deu à minha esposa no ano passado.

Desde que recebeu seu primeiro dinheiro, sempre falamos (eu e minha esposa) pra ela anotar num caderninho tudo o que recebia e o que gastava.

Isso porque esse é o primeiro hábito pra enriquecer de verdade, e que vai fazer você conseguir cuidar do seu dinheiro sem precisar de ajuda.

Assim ela fez até que juntou R$ 687,40.

Ao longo dos meses ela já foi usando parte do que ganhava pra sair com as amigas e pra comprar algumas coisinhas que ela quis (Pote DIVERSÃO, lembra?), sendo que esse dinheiro todo (R$ 687,40) ela resolveu usar pra realizar um sonho…

De ir no show do BTS aqui no Brasil, se eles vierem pra cá esse ano (BTS não é um inseticida que nem o SBP, é um grupo coreano de pop).

Foi então que eu sentei com ela e nós fizemos um planejamento dessa viagem, pra ver se ela teria todo o dinheiro pra realizar esse sonho.

Levantamos custo de ingresso, de transporte, de hospedagem, de alimentação e descobrimos que tudo daria R$ 590,00 (jogando pra cima, com uma gordurinha pra queimar).

Então, o que sobrou (R$ 97,40) ficou resolvido que ela vai levar pra poder comprar alguma coisa do grupo e pra poder gastar do jeito que ela quiser (Pote DIV).

Passei 30 minutos com ela fazendo isso e os impactos podem ficar pra vida toda…

Aí, quando ela for adulta, vai saber planejar a compra de uma casa, uma viagem, um filho, um sonho que quer realizar.

Vai saber planejar o uso diário do seu dinheiro e vai ter grandes chances (mais de 70%) de ter uma vida financeira tranquila, independente da renda que vai ter lá na frente.


5. Envolva seus filhos em decisões financeiras da família

Quanto mais seus filhos crescem, mais se interessam em participar e em se sentirem parte da família.

Adoram que sejam solicitados a dar opinião e a decidirem coisas junto com os pais.

Sabendo disso, indico você incluir seus filhos em decisões financeiras da família, tais como viagens, compra de eletrônicos ou eletrodomésticos, troca de carro, mudanças, etc.

Permita que eles expressem suas opiniões e considere elas em sua decisão.

Além de incluí-los nas decisões, atribua tarefas pra eles desenvolverem e que tenham relação com o que foi decidido pela família.

Por exemplo, fazerem pesquisas de preço pro destino de férias da família.

Deixe claro as situações que sua opinião tem um peso maior (como trocar de carro), mas respeite o que eles têm pra te falar.

Isso tudo aumenta a autoconfiança que eles possuem e também a proximidade que mantém com a família.

Essa dinâmica é especialmente importante quando eles se aproximam da adolescência e a família começa a ficar em segundo plano.

Dê a liberdade que eles precisam, mas faça eles saberem que em casa possuem um ambiente que os escuta e que os respeita.


Pra crianças (adolescentes) acima de 12 anos

Bom, aqui elas já começam a migrar pra adolescência e o interesse principal são os amigos.

Ainda assim é importante que você continue o trabalho de educação financeira, pois é uma fase de muitas inseguranças e que pode desfazer parte do que vocês já construíram.

Para isso, continue incentivando as ideias empreendedoras dos seus filhos e os oriente a criarem formas de gerar renda com seus negócios.

Eles ainda estão em um ambiente seguro que permite “erros” e que os “erros” não geram consequências graves.

Continue dando mesada e agora convide-os a terem os 4 potes sugeridos anteriormente, o que vai aproximá-los da vida adulta.

Mantenha a participação deles em decisões financeiras da família e os inclua também na elaboração do orçamento familiar.

Se sua família ainda não faz isso, essa fase é um bom momento pra começar junto com seus filhos.

Tenha em mente que nem sempre você terá suas expectativas atendidas nesse período de adolescência.

O importante é demonstrar apoio, entender o que seu filho quer e precisa, continuar abordando o dinheiro de uma forma positiva e harmoniosa e introduzindo hábitos financeiros saudáveis na vida dele.


Conclusão

Se você realmente quer que seus filhos tenham uma vida feliz e que consigam realizar todos os sonhos que tiverem, então é fundamental que você introduza na vida deles a educação financeira infantil.

Caso você não faça isso eles vão ter que aprender na marra, pela própria experiência, e isso, muitas vezes, acaba por ser muito doloroso, não é?!

E lembre-se, seja um ótimo exemplo pra elas e por elas.

Portanto, introduza esses exercícios que compartilhei contigo na rotina da sua casa e permita que eles cresçam tendo uma relação mais saudável com o dinheiro.

Não pra se tornarem gananciosos, mas pra se tornarem conscientes e saberem usar ele com equilíbrio.

E, talvez, até se tornarem milionários, por que não?!

Além disso, lembre-se sempre que você é o exemplo mais forte.

Use bem seu dinheiro e mostre pros seus filhos que você sabe lidar bem com ele.

Se ainda não sabe, diga às crianças que você está buscando formas de aprender e realmente vá atrás (isso pode te ajudar).

Dessa forma, não só seus filhos vão se beneficiar dessas dinâmicas, sua vida financeira também vai se tornar muito melhor.

Por fim, se você quiser ter o ebook que tem tudo o que comentei contigo nesse post acesse esse link e baixe ele.

Vou encerrar esse post com uma frase que li uns dias atrás e que gostei muito. Infelizmente não lembro quem é o autor.

“Crianças constroem seus conhecimentos interagindo com o mundo em que vivem e seus pensamentos crescem partindo de ações, e não de palavras.”

Agora me diga, qual foi o exercício que você mais gostou e que vai aplicar com seus filhos? Deixe sua resposta num comentário aqui abaixo.

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