Nós todos temos um padrão específico de comportamento relacionado ao dinheiro, que eu denomino como nossa personalidade financeira.

Esse padrão se divide majoritariamente em duas possibilidades (87% das pessoas estão numa dessas categorias):

  • Pessoas que gostam de economizar;
  • Pessoas que gostam de gastar.

Para as primeiras, a sociedade as denomina como sovinas, “mão de vaca”, pão duro, muquiranas, avarentas(os), etc.

Já as segundas fazem jus a expressão “dinheiro na mão é vendaval”, e são denominadas como gastadeiras, “mão aberta”, imediatistas, etc.

Você provavelmente já se identificou com alguma delas, não é?!

Mão de vaca ou mão aberta?

Desde nossa infância as pessoas que vivem ao nosso redor começam a nos colocar esses rótulos com base na forma que lidamos com o dinheiro, espelhando, geralmente, comportamentos de nossos pais, avós e outras referências que temos enquanto crianças.

Crescemos ouvindo que somos “pão duro” ou “mão aberta” e vamos enraizando esses conceitos dentro da nossa mente. Aos poucos, vamos nos tornando mais daquilo que acreditamos ser.

Quando chegamos à fase adulta é bem comum ouvir pessoas utilizando esses rótulos para se auto definirem, como se elas já tivessem nascido de uma determinada maneira e tivessem que ser assim até morrer.

“Eu sou assim mesmo. Sempre fui assim.”, muitas dizem.

Para ilustrar o que escrevi nos parágrafos anteriores vou contar uma rápida história, talvez já conhecida por você.

Um belo dia um pequeno circo se instalou numa cidadezinha do interior e trouxe com ele várias atrações.

Demorou apenas poucos minutos para que quase toda a cidade viesse dar uma espiada e se aglomerasse próxima da principal atração, um elefante, que durante o dia ficava do lado de fora do picadeiro amarrado por uma pequena corda.  

Um jovem, observando a pequena corda que segurava o animal, se aproximou do domador que tratava o bicho e expôs a sua curiosidade.

– Amigo, esta pequena corda não vai segurar esse elefante se ele resolver escapar. Pode ser perigoso um bicho desse tamanho solto pelas ruas de nossa cidade.

O domador olhou para o curioso e respondeu calmamente.

– Ele nunca vai escapar!

O jovem insistiu.

– Mas como você tem tanta certeza que ele nunca tentará escapar? É um espaço pequeno e esta corda fina não vai segurá-lo se ele resolver conhecer a cidade.

O domador olhando dentro dos olhos do rapaz esclareceu.

– Ele não sabe da força que tem!

O rapaz não satisfeito questionou aquele homem que parecia ser imune da preocupação.

– Mas ele poderia tentar e logo saberia que é muito mais forte do que esta corda que o prende.

O domador, continuando a tratar o elefante, respondeu mais uma vez o rapaz.

– Para ele saber que pode, teria que ser treinado desde pequeno. Agora já é adulto e segue as ordens como aprendeu durante a vida.

O rapaz sorriu com um olhar sarcástico.

– Há, mas se um dia ele tentasse você estaria em apuros.

O domador devolveu o sorriso com o mesmo sarcasmo que foi interrompido e disse:

– Meu jovem, quantas pessoas você conhece que seguem ordens todos os dias e nunca fizeram nada diferente do que foram treinadas? Que nunca tentaram escapar? O elefante é como uma pessoa. Amarrado desde pequeno em uma corrente ele vai tentar e tentar escapar daquele espaço querendo descobrir novas coisas e não vai conseguir, pois ainda não possui força suficiente para romper a corrente. Com o tempo, vai acreditar que nunca conseguirá se soltar e, assim, podemos domá-lo e usá-lo como desejarmos. Com uma pequena corda, ou até mesmo um barbante, podemos segurá-lo o quanto quisermos porque ele já acredita que não tem força para rompê-la. Enquanto estiver alimentado em sua zona de conforto, este pequeno espaço, nunca tentara nada diferente.

Isso é um tanto quanto limitante, não acha?! Viver uma vida toda de uma mesma forma simplesmente porque não se sabe viver de outra. E mais, sem saber do potencial que existe dentro de si apenas por acreditar que não o tem.

Eu mesmo já me considerei  muito “mão de vaca” porque eu tinha muito cuidado ao usar meu dinheiro e as pessoas me rotularam, durante muito tempo, como tal.

De tanto falarem eu realmente passei a acreditar nessa minha condição de “muquirana” e tinha muita dificuldade de usar meu dinheiro mesmo para coisas extremamente necessárias para mim, ainda que não fosse me fazer falta.

Um comportamento totalmente inconsciente e que me limitou por muitos anos, até que eu comecei a olhar para dentro de mim e a me fazer algumas perguntas, tais como: “Eu sempre fui assim?”, “Quando eu resolvi acreditar nesse meu rótulo?”, “Quando eu comecei a me autodefinir assim?”, “Quais outras opções eu tenho para lidar com o dinheiro?”.

Fazendo-me essas perguntas eu comecei a tomar consciência de que eu não nasci “mão de vaca”, muito menos “mão aberta”.

Eu nasci, assim como qualquer outro bebê, sem qualquer entendimento sobre o uso do dinheiro e fui aprendendo a usá-lo de acordo com as pessoas mais próximas de mim.

Quando comecei a tomar consciência, algumas coisas começaram a aparecer em minha memória e eu passei a entender um pouco melhor o porquê de eu ter me tornado “mão de vaca”.

Comecei a lembrar de algumas frases que minha mãe sempre me dizia e que tinham como ideia principal me orientar a  “economizar dinheiro”, “não gastar com besteiras”.

Lembrei de algumas cenas de brigas entre meus pais porque minha mãe dizia que meu pai estava gastando dinheiro demais com uma chácara que tinham e que não dava “qualquer” retorno para eles.

E muitas outras informações me foram apresentadas para justificar meus atuais comportamentos.

Talvez para qualquer outra pessoa essas mesmas experiências não teriam gerado resultado algum, porém, para mim elas limitaram por um longo período a minha capacidade de usar o dinheiro a meu favor.

Ok, e por que eu escrevi tudo isso?

Para dizer à você que “nós vivemos da forma que ACREDITAMOS que somos”.

São as famosas crenças, que podem nos empoderar ou nos limitar. Crenças essas que são formadas ao longo de uma vida toda e que moldam todos os nossos pensamentos, sentimentos, comportamentos e, por consequência, nossos resultados.

Portanto, se você é um(a) desses(as) que se auto rotula pela sua capacidade de lidar com o dinheiro, ou com qualquer outra coisa, saiba que você pode mudar essa sua percepção de si mesmo, e também seus RESULTADOS, mudando suas crenças.

Tem como fazer isso?

É claro que tem. Continue lendo esse texto para saber como. Vou compartilhar contigo 2 estratégias que podem ser utilizadas para você eliminar essas limitações da sua mente em relação à sua personalidade financeira.

1) Mudar as perguntas que você mesmo(a) se faz ao longo do seu dia.

Sapo indicando necessidade de mudança para entender personalidade financeira.

“Como assim, Guilherme?”

Ao invés de ficar se perguntando “Por que eu sou assim?”, “Por que eu não consigo guardar dinheiro?”, “Por que eu gasto tanto?”, “Por que eu não consigo gastar meu dinheiro comigo?”, etc., que as respostas apenas lhe trazem justificativas, comece a se perguntar

O que eu posso fazer para começar a guardar dinheiro?
Como eu posso começar a poupar?
O que eu posso fazer para começar a usar e aproveitar minha vida no hoje?”
Como eu posso aproveitar minha vida e ainda poupar para meu futuro?
Como eu posso ter uma vida financeiramente equilibrada?

e tantas outras que você mesmo(a) pode criar e que direcionem seu foco de atenção para encontrar soluções que irão mudar seus resultados.

Essa é uma estratégia interessante porque utiliza uma estrutura que estamos extremamente familiarizados, nos fazer perguntas.

Mesmo que você não acredite nisso, para obter essa resposta você teve que se perguntar “Eu acredito nisso que o Guilherme escreveu ou não?”.

É natural que quando você se faz alguma pergunta sua mente começa a procurar uma, ou várias, resposta(s). Sabendo disso, quando você começa a fazer perguntas melhores, que realmente lhe fazem procurar soluções, a sua mente começa a lhe trazer respostas que realmente podem lhe fazer progredir e fazerem você alcançar o que deseja.

2) Ressignificar a percepção que tem de si mesmo.

Espelho para mudar a sua percepção da personalidade financeira.

Você lembra que eu disse aqui acima, logo depois da estória que escrevi, que as pessoas me consideravam “mão de vaca” porque eu tinha muito cuidado ao usar meu dinheiro?

Pois bem, essa parte do “eu tinha muito cuidado ao usar meu dinheiro” foi uma ressignificação que fiz referente à condição de “mão de vaca” após ter tomado consciência que isso me limitava.

Quando as pessoas me chamavam de “mão de vaca” eu simplesmente repetia para mim mesmo “sim, eu tenho muito cuidado ao usar meu dinheiro”. De certa forma isso me fortalecia, pois ter cuidado ao usar o dinheiro é uma qualidade que eu considero importante na minha gestão financeira.

Com isso, eu tirava todo o peso negativo da expressão “mão de vaca” e me sentia livre pensando que eu usava meu dinheiro de maneira eficiente.

Agora você. Como você pode tornar o julgamento que faz da sua própria capacidade de gerenciar dinheiro em algo positivo, que o transforme em uma qualidade que você considera importante para enriquecer?

Comece a utilizar esse seu novo significado em seu dia-a-dia, sempre que começar a julgar sua forma de usar o dinheiro, e perceba como se sente.

Eu lhe asseguro que seu sentimento mudará bastante e, com isso, seus resultados financeiros também começarão a melhorar.

Por mais que ainda não acredite, experimente. Que mal há em experimentar?

Por fim…

Livro em branco, para começar a escrever uma nova história.

Convido você a olhar para suas experiências de vida de uma forma positiva.

Mesmo que as suas lembranças lhe mostrem que você sempre gastou mais dinheiro do que tinha, entenda que esses momentos foram necessários para trazer você aonde está hoje.

Sei que isso é difícil em alguns momentos, mas garanto que é libertador.

Pode ser que você esteja com dívidas, e isso tenha criado problemas em seu relacionamento com seu(sua) parceiro(a) ou com sua família, até mesmo reduzido sua produtividade em seu trabalho, no entanto, saiba que você nem sempre foi assim.

Esse comportamento foi aprendido por você com as referências que teve em sua infância, assim como eu aprendi a ser “mão de vaca”.

Saiba, também, que o futuro ainda não está escrito e só depende de você definir como ele será, independente do quanto a sociedade lhe julgue.

Defina a história que quer começar a contar, faça perguntas que lhe conduzam à encontrar os caminhos e comece sua mudança.

O mesmo vale se você é muito “mão de vaca”.

Claro que a sociedade não lhe julga tanto quanto quem gasta além da conta, mas eu sei que quando o assunto é dinheiro a sua mente não lhe dá descanso.

É um sofrimento calado que poucos colocam para fora.

Portanto, faça o mesmo e inicie um novo caminho, de mais alegria e liberdade, no qual o dinheiro torna-se seu amigo e lhe ajuda a conquistar todos os seus sonhos, permitindo, ainda, que você aproveite, e muito, o presente.

Lembre-se sempre, somos todos um livro inacabado no qual a próxima página ainda está em branco.

E você, do que já te rotularam em relação ao dinheiro? Compartilha aqui comigo nos comentários.

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